Vasco ajusta acordo com a Crefisa e reduz garantia da SAF em novo empréstimo de R$ 80 milhões

O Vasco da Gama realizou uma importante alteração nos termos do empréstimo firmado com a Crefisa, instituição financeira escolhida para conceder crédito ao clube. A principal mudança foi na garantia oferecida pela SAF vascaína, que passou de 20% para 10% do capital social. O valor total do empréstimo, de R$ 80 milhões, e as demais condições permanecem inalteradas.

De acordo com informações oficiais, a modificação foi feita seguindo orientação da Administradora Judicial Conjunta, que recomendou o ajuste para reduzir riscos e adequar a operação às exigências legais. O Vasco, então, entrou em contato com a Crefisa para propor a mudança — que foi prontamente aceita pela instituição.

Estrutura do novo contrato

A nova estrutura do acordo prevê a alienação fiduciária de 10 mil ações ordinárias de classe A pertencentes ao Clube de Regatas Vasco da Gama (CRVG), o que corresponde a 10% do capital social da Vasco SAF. Essas ações estão registradas como ativo não circulante da associação, o que exige autorização judicial, conforme o artigo 69-A da Lei de Recuperação Judicial (Lei nº 11.101/2005).

Em petição enviada nesta segunda-feira (7), o Vasco destacou que a renegociação foi realizada “em manifesta boa-fé”, visando evitar qualquer questionamento de nulidade no futuro. Além disso, o clube solicitou à Justiça permissão para entregar, sob sigilo e em envelope lacrado, a nova versão dos contratos atualizados, com as alterações na cláusula de garantias.

Destinação dos recursos

O valor de R$ 80 milhões obtido com o empréstimo será utilizado para cobrir despesas operacionais do clube, incluindo pagamento de salários, fornecedores estratégicos e obrigações trabalhistas e fiscais.

O planejamento financeiro prevê que R$ 70 milhões sejam liberados já neste mês de outubro, divididos em duas parcelas: a primeira de R$ 30 milhões, com liberação imediata após autorização judicial, e a segunda de R$ 40 milhões, prevista até o dia 26 de outubro. As duas parcelas restantes, de R$ 5 milhões cada, serão pagas nos meses seguintes.

No total, o Vasco projeta um custo de R$ 170 milhões até o final de 2025 para manter o funcionamento regular de suas operações e compromissos financeiros.

Contexto do acordo

Antes de escolher a Crefisa, o clube abriu uma espécie de concorrência para definir a instituição financeira responsável por conceder o crédito. A proposta da empresa paulista acabou sendo a mais vantajosa, garantindo ao Vasco o valor necessário para atravessar um momento de reestruturação administrativa e financeira, em meio ao processo de recuperação judicial.

Análise e opinião

A decisão do Vasco de reduzir a garantia da SAF de 20% para 10% demonstra uma postura mais prudente e alinhada às orientações jurídicas e financeiras. Esse movimento reduz a exposição patrimonial da SAF e, ao mesmo tempo, mantém o fluxo de caixa necessário para honrar compromissos imediatos — algo fundamental para estabilizar a gestão e recuperar a credibilidade do clube.

Por outro lado, o empréstimo de R$ 80 milhões reforça a dependência do Vasco em operações financeiras de curto prazo para sustentar suas atividades, o que acende um alerta sobre a necessidade de estruturar receitas mais sustentáveis no médio prazo. Se bem administrado, o acordo com a Crefisa pode representar um passo importante para garantir fôlego à operação vascaína, mas o desafio real será transformar esse alívio financeiro temporário em estabilidade duradoura.